1º de Maio
No Mundo
Qingzhu wuyi laodongjie! Qingzhu womende xin chengjiu! [Celebrem o 1º de Maio! Celebrem nossas novas conquistas!], Shangai. Designer: Cai Zhenhua. International Institute of Social History (Amsterdã).
O 1º de maio foi estabelecido como Dia do Trabalho pela conferência de 1889 da Segunda Internacional (associação que agregava partidos socialdemocratas e socialistas da Europa e de outras partes do mundo), como forma de celebrar os mártires que lutaram pela causa dos trabalhadores.
O evento que motivou a data comemorativa ocorreu em maio de 1886, nos Estados Unidos. Em 1º de maio deste ano, associações de trabalhadores de Chicago, lideradas por anarquistas, convocaram uma greve geral para o dia 3 do mesmo mês, para lutar pela jornada de trabalho de oito horas diárias. No final da tarde do dia 3, antes que o cortejo se iniciasse, policiais cercaram os grevistas e os pressionaram para que não saíssem do local. A tensão foi crescendo até que se transformou em combate aberto, com a explosão de uma granada, matando um policial e levando os demais agentes de segurança a abrir fogo contra os grevistas. O conflito seguiu noite adentro, com mortes dos dois lados. Os líderes anarquistas foram presos e condenados à forca.
"Por un 1º de mayo de lugha de clases! Obreros españoles franceses um mismo combate!!" [Por um 1º de maio de luta de classes! Trabalhadores espanhóis e franceses em um mesmo combate!], Espanha e França. International Institute of Social History (Amsterdã).
A estratégia da Segunda Internacional, portanto, foi transformar uma derrota em dia de lembrança dos trabalhadores assassinados em Chicago, como também dos demais que padeceram na luta pelos direitos da classe trabalhadora. A proposta de adoção da data ganhou fôlego e se espalhou pelos principais países da Europa, Estados Unidos e Brasil ao longo da década de 1890.
No Brasil
No início do século XX, o significado do Dia do Trabalho foi disputado por duas vertentes da esquerda brasileira: socialistas e anarquistas. A data era utilizada para marcar o início de greves e outras formas de protesto, que por sua vez eram recebidas com repressão por parte do Estado.
Com a instauração de ditaduras na América Latina e na Europa, na segunda metade do século XX, a data foi apropriada pelo Estado para exaltar valores ufanistas e xenófobos, com o propósito de defender ideologias nacionalistas. Entre as décadas de 1940 e 1970, portanto, houve uma disputa pelo significado da data que envolvia não só os movimentos sociais, mas também o Estado e as classes dirigentes, que buscavam impor sua visão sobre o trabalho. A onda de protestos que varreu o mundo no ano de 1968 retomou, contudo, parte do conteúdo revolucionário que a data tivera no seu surgimento.
No Brasil, o dia sempre serviu como forma de articulação das lutas, mesmo durante a ditadura militar. O 1º de maio de 1980 foi parte de um processo de retomada pelos trabalhadores de símbolos e formas de ação que haviam sido tirados do seu controle. Essa situação, em face da nova atividade política dos trabalhadores e sindicatos por melhores condições de trabalho e por uma sociedade mais democrática, levou aproximadamente um milhão de pessoas às ruas.
As manifestações foram centrais para definir a política do final do período ditatorial, pois deram vazão a inúmeros descontentamentos e levaram a manifestações contra a carestia (movimentos Carestia de Vida e Panela Vazia) e pela eleição direta para Presidente da República (movimento Diretas Já!). As décadas de 1980 e 1990 foram os últimos momentos mais combativos do 1º de maio.
Autor do texto original do projeto:
Paulo Fontes