Vídeo de Marcelo Gomes

Esta obra, criada especialmente para o projeto, explora a intimidade existente entre o ser humano e os diferentes tipos de ofícios que tem exercido. Propõe uma reflexão sobre o fato de que, sem o manuseio de ferramentas específicas, e o domínio das atividades e gestos necessários à realização de cada trabalho, as profissões não existiriam. Por meio da manipulação de matérias-primas e da invenção de artefatos pode-se pensar sobre os diferentes ofícios e profissões que se construíram ao longo da história.

Os meios de realização do trabalho variaram no tempo e no espaço, de acordo com os valores das sociedades e também com o desenvolvimento de novas tecnologias. No entanto, por mais que as configurações tenham se alterado, um dos principais instrumentos usados para exercer todo e qualquer trabalho continua o mesmo: a mão. Para todas as atividades laborais existe um ponto comum: a centralidade da mão do trabalhador e da trabalhadora durante a execução do ofício. 

Partindo desse pressuposto, no filme, o andamento das imagens é dado de acordo com a velocidade das mãos durante a realização de cada ofício. As mãos se movem numa espécie de coreografia, criando uma relação de proximidade e complementaridade entre o Homem e o objeto manuseado. 

Transitando por diferentes atividades produtivas, o filme se pauta pela ideia de que um ofício só toma vida e ganha significado no momento em que as mãos humanas interagem com o objeto do trabalho. Contudo, muitas vezes ocorre uma inversão nesta equação, na medida em que as mãos obedecem a ritmos de execução determinados externamente, de acordo com o tipo de produção – e a meta de produtividade – em que estão inseridas. Assim, configura-se por vezes uma dominação do objeto e do meio de produção sobre o Homem, ao invés do contrário.