A Cidade que Trabalha
Vídeo de Sandra Kogut
O vídeo “A cidade que trabalha” foi criado especialmente para o projeto. Explora as contradições do mundo contemporâneo que se expressam no setor de serviços urbanos e aborda as metrópoles como palcos de tensões e de disputa por visibilidade.
As cidades, hoje, são muito diferentes da maneira pela qual foram representadas nos primórdios do cinema. Nos filmes da primeira metade do século XX, as imagens mostram a reverência da câmera em relação ao sujeito filmado; a arquitetura traduz otimismo, aposta no futuro. Hoje – na era do Google maps – tudo já está mapeado, registrado, visualizado. A relação das pessoas com as imagens é cotidiana, ativa, íntima e personalizada. É também uma relação instantânea e de curto prazo.
Na pauta do dia está a auto-representação. Todos querem se reconhecer nas imagens, se sentir parte delas. A posteridade não é mais difícil de se atingir, está ao alcance da mão. As pessoas estão constantemente reescrevendo sua história, se enquadrando e reenquadrando, projetando sua persona pública nas redes sociais, existindo por meio da sua imagem. A posteridade se torna imediata, reatualizável ou mesmo descartável.
Nesse contexto, é fascinante pensar em como expressar a cacofonia urbana. Para a realização desse vídeo, pessoas em cidades diferentes foram convidadas a enviar imagens, e, a partir do material recebido, construiu-se o trabalho final. São imagens das pessoas nas cidades onde moram, nos seus trabalhos, em horários específicos, ou ainda com objetos escolhidos para representar suas atividades, e nos lugares que acreditam melhor sintetizar visualmente a cidade. Cada participante traduziu o pedido à sua maneira, de forma única. As justaposições, comparações e paralelos entre visões e lugares diferentes formaram, na edição final, um painel multifacetado de trabalhadores no Brasil, em suas relações com as cidades onde atuam. Um caleidoscópio, um jogo de espelhos no qual a gente se pergunta constantemente: quem olha pra quem?
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